quinta-feira, 24 de novembro de 2016

DOIS GÊMEOS NO ÚTERO
Esse diálogo hipotético entre dois fetos gêmeos está em vários sites, principalmente de cuidados maternos e crianças, e como traz algumas reflexões curiosas sobre as indagações humanas mais sérias (e adultas) —como a vida após a morte, a crença em sermos produtos de universos auto-conscientes e sustentadores onipresentes (“A Mãe”), as dúvidas acerca de possibilidades físicas após uma grande transição(nascimento) — resolvi reproduzir aqui, abaixo. O fim versus um (novo) início, e o que isso representa para o estado atual das coisas nesta vida (neste caso, útero), é o tema dessa crônica dos gêmeos. Ninguém, de fato, voltou ao útero após o nascimento (ainda que muitos aparentemente tenham desejado isso, segundo Freud), mas isso não obrigatoriamente torna o argumento do gêmeo cético mais provável que o outro gêmeo.
O autor dessa crônica é desconhecido.
No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
– Você acredita na vida após o nascimento?
– Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
– Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
– Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
– Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída. O cordão umbilical é muito curto.
– Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
– Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
– Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
– Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
– Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
– Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
– Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela.

— Autor Desconhecido

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